Artigo de autoria do Professor Felipe Aquino,

 escritor e apresentador na TV Canção Nova,

publicado na Revista Canção Nova,

de dezembro de 2010.

 O nascimento de Jesus foi todo cheio de dificuldades: a viagem longa de José e Maria, que estava grávida; a falta de uma casa para a criança nascer, a gruta fria de Belém, uma situação de adversidade e de pobreza que já revela como seria o reino messiânico: um reino sem honras nem poderes terrenos, que pertence Aquele que depois .disse: “O Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça” (Lc 9,58). São Lucas narra o nascimento de Jesus de maneira simples: “Maria deu à luz e teve o seu filho primogênito, que envolveu em panos e recostou numa manjedoura […]” (Lc 2,7). A ação da Virgem é o reflexo de sua plena disponibilidade em fazer a vontade de Deus, já manifestada na Anunciação, com seu “faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38). Maria viveu a experiência do parto na pobreza: não pôde dar ao Filho de Deus nem sequer aquilo que as mães costumam oferecer a um recém-nascido; mas teve de colocá-lo “numa manjedoura”, um “berço” improvisado para o “Filho do Altíssimo”. O evangelista diz que “não havia para eles lugar na hospedaria” (Lc 2,7). Isso nos faz lembrar as palavras de São João: “Ele veio para os que eram seus, mas não O receberam” (Jo 1,11), e mostra as recusas e ofensas que Jesus sofreria em sua vida terrena. Na verdade, é uma rejeição não só ao Filho, mas também à Mãe, pois Maria já está unida ao destino de sofrimento do Filho e é participante de sua missão redentora. Recusado pelos “Seus”, Jesus é, então, acolhido pelos pastores, homens rudes e de má fama, no entanto, escolhidos por Deus para serem os primeiros receptores da “Boa Nova” do nascimento do Salvador. O anjo lhes diz: “Anuncio-vos uma grande alegria, que o será para todo o povo; não temais” (Lc 2,10). Como para a Virgem Maria no momento da Anunciação, também para eles a notícia do nascimento de Jesus é o grande sinal da bondade e do amor de Deus para com os homens. O cântico dos Anjos: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens que Ele ama” (Lc 2,14), revela aos pastores o amor de Deus especialmente para com os humildes e pobres. E logo eles disseram: “Vamos então até Belém e vejamos o que aconteceu e o que o Senhor nos deu a conhecer” (Lc 2,15). E “encontraram Maria, José e o Menino” (Lc 2,16). Tudo isso leva Maria a um profundo silêncio de contemplação e meditação. Isso nos mostra a necessidade de uma profunda relação espiritual com Maria, a fim de conhecermos melhor a Jesus e nos tornarmos alegres anunciadores de seu Evangelho de salvação. São Lucas diz que, diante de tudo isso, Maria “conservava todas estas coisas, ponderando-as no seu coração” (Lc 2,19). Disse o Papa João Paulo II que isso sugere à Igreja Disse o Papa João Paulo II que isso sugere à Igreja que valorize a contemplação e a reflexão teológica, para poder acolher o mistério da salvação e anunciá-lo com renovado impulso aos homens de todos os tempos.