Advento é tempo de se converter a Deus, de lhe preparar o caminho, de endireitar as estradas pelas quais ele vem.
O evangelho nos mostra que a palavra de Deus se encarna na história humana e, em João Batista, se anuncia como profecia. Ecoam então as palavras do profeta Isaías. Uma profecia que João Batista traduz, convocando todos a um batismo de conversão para o perdão dos pecados.
Para além do gesto ritual do batismo, a pregação de João Batista supunha o desejo sincero de se converter, de mudar de vida. E mudar de vida supõe mudar de mentalidade, para que a conversão não seja apenas exterior, mas toque nosso coração, nossas atitudes.
Neste tempo em que aguardamos o Natal do Senhor, somos convidados a preparar-lhe o caminho, endireitando estradas cheias de obstáculos. Há guerras e conflitos a enfrentar com a justiça, há fome de pão a combater com a partilha, há sede de vida a saciar com a solidariedade.
Endireitar as estradas é permitir que o Senhor entre em nossa vida e nos transforme. E então o mundo se transformará. “E todos verão a salvação de Deus”, pois Jesus não veio para um grupo privilegiado de pessoas. Veio para chamar os pecadores a assumir a missão que ele mesmo assumiu, de recriar o mundo segundo o projeto de vida de Deus.
A caminhada de conversão supõe, por sua vez, discernimento constante. E o pedido de Paulo aos filipenses (1,9-11) mostra que conseguimos discernir o que é melhor para Deus e sua obra de vida (e, consequentemente, o que é melhor para nós) à medida que crescemos no amor mútuo.
Preparemo-nos, portanto, para o Natal do Senhor crescendo no amor, colhendo os frutos da justiça que Jesus nos traz. Ao mesmo tempo, preparando seu caminho e cuidando melhor desta terra, para que lhe possamos oferecer nossos próprios frutos de conversão.

Pe. Paulo Bazaglia, ssp

In: O domingo, Semanário Litúrgico Catequético, n. 57.